A Criança Muda (ou surda?)



Fonte: frank mckenna - Unsplash / Imagem meramente ilustrativa.

Introdução

A audição é um dos sentidos mais importantes que encontramos nos seres vivos. Ela está intimamente relacionada com a fala e com a visão. Para uma criança aprender a falar deverá, em primeiro lugar, escutar o que outra pessoa fala, para em seguida repetir o que aquela pessoa falou. Em segundo lugar, a visão auxilia muito, porque quando a criança vê os movimentos dos lábios da pessoa que fala, ela tenta imitar e assim facilita o aprendizado da fala. O adulto que fica completamente surdo com o passar dos tempos também poderá ficar mudo, ou melhor, irá perdendo a fala, porque ao longo dos anos vai esquecendo como se pronuncia cada palavra. Portanto, a audição, a fala e a visão estão intimamente relacionadas.


Anatomia


Para termos uma idéia dos vários tipos de surdez, temos de entender que o ouvido humano divide-se em três partes:
- o ouvido externo, formado pelo pavilhão auricular e pelo meato auditivo externo;
- o ouvido médio, formado pelo tímpano, por três ossículos (chamados de martelo, bigorna e estribo) e por um canal, a tuba auditiva, que comunica o ouvido médio com a garganta; em seguida temos
- o ouvido interno, que é formado por duas partes, a cóclea, que é responsável pela audição e o labirinto, que é responsável pelo equilíbrio da pessoa. Os tipos de surdez causados por doenças do ouvido externo e do ouvido médio podem ser curados por meio de medicamento ou cirurgia, ao passo que a surdez causada por doenças da cóclea (ouvido interno), não tem cura. Nestes casos, o paciente só poderá escutar se usar um aparelho de surdez, que deverá ser comprado com receita do médico ou da fonoaudióloga, pois existem vários graus de surdez e de aparelho.

Causas de Surdez
As causas de surdez são muitas e vamos relacionar as mais comuns. Em primeiro lugar vamos citar aquelas que têm cura: otites (infecções do ouvido), perfuração do tímpano, otosclerose, defeitos congênitos (desde o nascimento) do ouvido médio e do externo, cerúmen e corpos estranhos colocados acidentalmente no ouvido, principalmente pelas crianças. Em segundo lugar, temos as causas de surdez que não têm cura, porque atingem o ouvido interno, como por exemplo: consangüinidade (casamento entre parentes); rubéola; sífilis; anemia; uso de certos medicamentos pela mulher grávida; neném prematuro; parto demorado; traumatismo durante o parto e falta de respiração (criança que não chora no momento do nascimento); também podem causar surdez que não tem cura: a meningite, todas as doenças causadas por vírus (sarampo, catapora, caxumba, até mesmo a gripe) e ainda certos medicamentos (podem causar surdez irreversível em qualquer criança ou mesmo em adulto).

Diagnóstico
Como podemos saber se uma criança escuta normalmente? Isto, às vezes, é difícil, precisando exames especiais. Mas, na avaliação da criança com deficiência auditiva, tem principal importância a observação feita pelos pais e pelos professores, particularmente nos jardins de infância. Quanto mais cedo se descobre que a criança não escuta, mais fácil é o tratamento e menores são os problemas causados pela surdez. Podemos avaliar a criança da seguinte maneira:
1º - Crianças com até 1 mês de idade: somente com ruídos fortes podemos pesquisar alguma coisa. Nesta idade a criança não escuta uma conversa em tom normal (não precisa falar baixinho no quarto). Então testamos com ruídos mais fortes como um tambor, uma campainha ou batendo palmas.Em seguida, observamos a criança para ver se ela contrai as pálpebras (fecha os olhos), contrai a pupila (menina dos olhos) ou se contrai os músculos do braço, como se estivesse querendo abraçar alguma coisa. Se ela estiver dormindo, deverá acordar-se com estes barulhos. Estes são bons sinais, isto é, a criança não deve ter problemas de surdez e devem ser pesquisados por todos os pais que tem filhos nesta idade. Do ponto de vista médico já existem exames que podem ser feitos mesmo em recém-nascidos como o BERA, a Eletrococleografia e as Otoemissões Acústicas que servem para detectar precocemente quaisquer alterações do ponto de vista da audição.
2º - Crianças de 1 mês até 1 ano de idade: ela já deve escutar uma conversa em voz normal a partir de 1 mês de idade, e se isto não ocorrer fará suspeitar de deficiência auditiva (esta suspeita deverá ser feita pelos pais): a criança não se acorda com sons intensos, não apresenta interesse por brinquedos com ruídos, não demonstra alegria à voz da mãe e não balbucia (não tenta dizer ou imitar palavras). Uma vez levada ao médico nesta idade, terá grande importância a observação destes dados feita pelos pais. Além disso, o médico vai querer saber as condições da gravidez, do parto, o aparecimento de febre, o uso de certos medicamentos, etc., para poder indicar os testes mais aconselháveis para cada caso.
3º - Crianças de 1 a 3 anos de idade: tem grande importância todo o desenvolvimento da criança: engatinhar, andar, comer sozinha e, o que é principal, o desenvolvimento da fala. Aos três anos de idade, a criança já deverá estar com a linguagem praticamente formada. Se isto não acontecer, suspeitar de surdez, em maior ou menor grau. A criança que não escuta perfeitamente é aquela que apresenta choro descontrolado, não ri, não fala segundo o esperado e apresenta acentuado uso de gestos. Se a surdez aparece depois que a criança já começou a falar, haverá regressão da linguagem, falta de atenção (a criança parece “desligada”) e agressividade. O médico indicará as providências necessárias.
4º - Crianças com mais de 5 anos de idade: já é evidente a falta de linguagem nas crianças que apresentam surdez acentuada ou total. O médico também deverá dar a orientação necessária, dependendo do caso.

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